"A generosidade é algo que nutre não só quem a recebe, mas muito mais quem a pratica; ela é uma manifestação de potência. Oferta quem pode e esse poder-ação tem relação direta com a consciência e aplicação dos recursos de que dispomos, individual e coletivamente - não só materiais, mas também emocionais, cognitivos, psíquicos, energéticos, espirituais...

A pessoa que opera na chave da falta, portanto, é incapaz de ser generosa ou mesmo grata. A - falsa - ideia de que há um buraco a ser preenchido ativa um comportamento individual de avidez e egoísmo, "farinha pouca, meu pirão primeiro", e um comportamento coletivo de discriminação e exclusão do diferente (afinal, se acredito que a farinha é pouca, tenho que cuidar primeiro dos "meus" e os "outros" que se virem), que impedem a generosidade, a gratidão e a nutrição que resultam delas.

Quanto mais grata pelos recursos de que dispomos, mais generosamente posso atuar, quanto mais generosa me permito ser, mais entro em contato com o meu poder pessoal e mais nutrida estarei para continuar agindo no mundo. Essa é uma das chaves, bastante negligenciada, a meu ver, da não-violência." Angélica Rente